19.5.11

Vidas passadas em Psicologia Transpessoal - parte 1

"Terapia Holística" não é Psicoterapia!
Muito menos ciência!
Báhh.....lá vou eu "procurar sarna para me coçar". O tema é polêmico e, de antemão, digo que a maioria destes métodos possuem estudos insuficientes e/ou teoricamente mal orientados e/ou com desenho de método demasiadamente falho.  Portanto, muito cuidado ao se deparar com essas "promessas transpessoais" que pululam por aí. Mas, podemos estudar "vidas passadas" em Psicologia?

Primeiro: o termo "alma" ou "espírito", que muitos psicólogos transpessoais utilizam é de aplicação altamente duvidosa no âmbito da ciência. O mais correto, numa perspectiva psicológica, seria utilizar "mente" ou "consciência", como fez o "pai da Psicologia", Wundt.. O termo "alma" é um resquício da cultura cristã que foi introjetado na Psicologia moderna de maneira equivocada, já que a origem do termo "Psicologia" está no grego "psique" ( e para os gregos o conceito de "alma" era incomum. )

Segundo: mesmo se substituirmos "alma" por "consciência" continuamos com problemas. Enquanto objeto de estudo, a consciência tem seu status (ainda) questionável. Podemos observar os resultados de processos cognitivos, mas não afirmar (em definitivo) que existe um ALGO, uma substância, chamada consciência que seja a causa para esses processos. É o velho dualismo em questão (questão aberta, aliás). Para Chalmers, a consciência é o HARD PROBLEM que a ciência enfrenta. Métodos recentes, como a neurofenomenologia, de Varela e Thompson, tentam "resolver" o problema através de uma vasta e complexa revolução metodológica. Estudos, como os levados a cabo por Mario Beauregard merecem igual atenção, pois procuram demonstrar empiricamente a influência de um substrato particular e desconhecido no córtex cerebral. 
Bem, em relação às chamadas "técnicas de regressão à vidas passadas" parece ser uma mescla ainda não identificada de desconhecimento do efeito placebo aliado a catarses hipnóticas (bem conhecidas desde a época de Freud). Como são técnicas pouco estudadas no meio acadêmico, temos poucas evidências científicas de seus efeitos. Outra coisa: já que seu referencial teórico é, quase sempre, demasiado "desconhecido" para o linguajar científico, fica difícil dar início a uma boa pesquisa. É por essas e outras que o nome "psicologia transpessoal" foi praticamente banido do meio acadêmico. Pelo amor de Deus, não me venham falar de "O SEGREDO", ou coisa do tipo, "física quântica + psicologia positiva = bem estar". Affff. Tais estudos são MUITO preliminares e inconclusivos - fora os erros comuns que já citei.

Outrossim, insisto, a ciência é uma lupa aberta ao mundo e, hoje, muitos fenômenos que eram negligenciados no passado, são alvos de investigações científicas rigorosas. Quer um exemplo? Se falassem em "Experiência-de-quase-morte" há 20 anos atrás, o máximo que renderia seria um documentário tosco na TV. Hoje em dia, com o refinamento de muitas correntes teóricas, o avanço nos desenhos de método quali e quantitativo, bem como os ganhos de tecnologia (especialmente de mapeamento cerebral), podemos pesquisar tópicos outrora "impossíveis". Portanto, fazer ciência é, em grande parte, aprender a ser livre. Por que? Porque a ciência, produto humano, carrega consigo uma plêiade imensa de pré-conceitos.



Não basta reproduzirmos em nossos trabalhos aquilo que ouvimos da boca de nossos professores e lemos nos livros. Se assim fosse, nunca teríamos um Newton, um Einstein, um Freud - um Nietszche, então, NEM PENSAR. Uma das coisas que diferenciaram esses caras dos demais foi o ato criativo, o livre pensar. Não é de graça que, como hoje aceitamos, a ciência caminha como "um romance conturbado", e não em uma linearidade plácida.

Portanto, é possível, por exemplo, estudarmos "mapas astrais", cientificamente? Certamente poderíamos levar a cabo algumas pesquisas razoáveis, controlando grupos, tempo de investigação, instrumentos, etc. Nada, certamente, que fosse PROVAR ou DESAPROVAR, em última instância, a técnica de "mapas astrais". O que teríamos seriam indícios sobre sua eficácia (ou ineficácia) naquele estudo. Agora, te pergunto, que faculdade de Psicologia ou Física aprovaria uma pesquisa dessas, ainda que bem delimitada cientificamente? Creio que nenhuma - e isso é, em grande parte, preconceito incrustado - mesquinharia ideológica.
Stevenson

Outro tipo de estudo interessante, comum hoje em dia, é sobre a eficácia da prece (à distância) na melhora ou piora de pacientes moribundos. Cura à distância? Sim! A ciência estuda isso, e alguns estudos são muito bons, muito bem elaborados. Outro estudo clássico foram os de Ian Stevenson, sobre reencarnação e vidas passadas. Ainda que alguns de seus métodos tenham sido contestados, sua ousadia e respeito pela ciência é revigorante.

Muito psicólogo adora encher a boca para falar que é adepto da "Psicologia Cognitiva" porque ela, diferente da psicanálise (essa comparação, quase sempre, vem junto), é "científica". Affff, caiam de joelhos!

Esses são papagaios de professores ou de micro-artigos do Scielo. Em geral, não compreendem a dimensão filosófica que é capaz de atribuir a um estudo certa qualidade acadêmica. Certamente, o máximo que leram sobre filosofia da ciência foi o excerto da Wikipedia, onde "ouviram" falar de um tal de "Kuhn", de "paradigma", sei lá. Uma simples busca no banco de dados da LANCET (revista internacional de medicina) resultará em vários resultados sobre "experiência-de-quase-morte", "meditação", "placebo", "eficácia da prece", etc - para demonstrar que esses temas não são alvos apenas da literatura "nova-era".

Concluindo sobre as "vidas passadas"

A ciência não pode afirmar que a reencarnação é um fato, muito menos que tivemos "outras vidas" que possam, supostamente, ser lembradas. Contudo, continuamos buscando novos métodos, evidência e referenciais teóricos para investigar mais adequadamente este fenômeno. 

Devemos evitar o preconceito para não passarmos (quem sabe) o mesmo vexame daqueles que um dia defenderam a abiogênese (e outras teorias) com unhas e dentes. Do ponto de vista da ciência, o que podemos afirmar é que está havendo investigação sobre o fenômeno da reencarnação e  de vidas passadas. Vejam as pesquisas de Stevensson, Sam Parnia, Beauregard, Haraldson, Jim Tucker, etc.

Jim Tucker
Haraldson
Sabe porque você não conhece o nome nem o rosto desses pesquisadores? Porque ninguém te falou até hoje; porque são reflexos "do preconceito, do preconceito, do preconceito" de décadas de um pensamento científico viciado em uma visão que propaga o materialismo como verdade, e não como uma corrente filosófica.

Na parte 2 desse post, falarei mais sobre esse assunto; especialmente sobre dois pesquisadores brasileiros que conduzem pesquisas nessa área.

UMA BEIJOCA NO BUMBUM!

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