6.7.11

o problema do literalismo religioso ou de seguir cegamente "ordens religiosas"

Acredito que, nos dias de hoje, tão turbulentos e recheados de opiniões, as pessoas que pretendem assumir uma vida "religiosa", necessitam ter coerência, racionalidade, tolerância e, acima de tudo, humanidade.

Sei que alguns lêem isso, nesse momento, achando essa sugestão uma utopia. Dirão: "não há religiosidade assim!". Todo o religioso é um fanático! Alguns o são abertamente, outros não!"

O fato de alguém ser religioso, a priori, não faz com que seja "superior" a um não-religioso. Pode ocorrer (como ocorre muitas vezes) exatamente o contrário. O religioso pode ser mais intolerante e irracional que o não-religioso. Um ateu, ou seja, aquele que vive "sem Deus" não pode ser considerado um "monstro insensível" por esse fato. Não é porque optou pelo ateísmo que não preza por valores humanos como tolerância, bondade, compaixão, caridade, etc.

Ninguém precisa ser religioso para ser uma pessoa decente. Friso, novamente, que existem pessoas religiosas muito mais indecentes do que não-religiosas. Para que não haja dúvida, eu não sou ateu, ok? Sou religioso.

É exatamente por essa mentalidade "medieval" - de condenar um ateu simplesmente por ser ateu - que existem pessoas como Richard Dawkins ou Daniel Dennett, que fazem do ateísmo um movimento militante que beira o irracionalismo. 

Ninguém pode ser julgado por sua crenças, mas por suas ações no mundo - consigo mesmo, com a família, com a sociedade, com o mundo. Julguemos alguém por sua ética no dia-a-dia, por seu esforço em ser alguém melhor para consigo e para com a realidade que o cerca. Ateu? Religioso? Ninguém pode ser julgado APENAS por isso.

O PROBLEMA DOS LIVROS DA LEI e DO LITERALISMO

Penso que neste mundo pluralista, que exige tolerância, as pessoas que se dizem religiosas (como eu) não podem guiar suas vidas através de uma postura simplista, ou seja, seguindo literalmente as sugestões contidas nos "livros da lei" (como são chamados a Torá, a Bíblia e o Alcorão). Caso contrário, veja as possibilidades que temos:

Consta na Bíblia:

"E quanto àqueles meus inimigos que não me quiserem como rei, trazei-os aqui e MATAI-OS diante de mim".
Lucas 19:27



"Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos. " 
Samuel 15:3

"Com ordem divina, Josué DESTRÓI com o fio da espada os homens, mulheres e crianças da cidade de Jericó".
Josué 6:21-27 



Consta no Alcorão:

"Eu instilarei terror nos corações dos infiéis, golpeai-os acima dos seus pescoços e arrancai todas as pontas dos seus dedos. Não fostes vós quem os matastes; foi Deus [Alah]" (Sura 8:13-17).

"Imprimi terror [nos corações dos] inimigos de Deus e vossos inimigos" (Sura 8:60).

Combatei-os [os não muçulmanos] e Deus [Alah] os punirá através das vossas mão, cobri-os de vergonha" (Sura 9:14)



É óbvio que todas essas passagens podem ser interpretadas infinitamente, mas podem ser tomadas literalmente também. Oras bolas, se há essa possibilidade, devemos ter cuidado. Foi por causa dessas possibilidades, e de outros fatores políticos que, muito certamente, tivemos o 11 de setembro e tantos outros atentados terroristas.

Foi por causa disso que houveram as cruzadas e existe a intolerância e luta dos evangélicos contra classes oprimidas.

Portanto, não sou contra a religião, como um todo, mas contra essa forma literalista, irracional, fundamentalista de religiosidade.

Alguns trechos bíblicos promovem a violência? E do Alcorão? Decida você mesmo...

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