26.10.11

Psicoterapia baseada em Atenção Plena - Mindfulness

O uso de técnicas de meditação budista para fins medicinais-psicoterapeuticos é registrado pelo menos desde o século VIII, quando o monge zen-budista japonês Guifeng Zongmi descreveu, entre seus cinco tipos de meditação, um tipo dedicado às pessoas comuns, completamente isento de objetivos religiosos e voltado à saúde física e mental. Uma maior divulgação da meditação ocorreu, no entanto, apenas na década de 60 do séc. XX, com a vinda do monge budista vietnamita Thich Nhat Hanh.

Hanh, junto com Luther King.
Nos últimos anos um grande número de autores e pesquisadores, entre eles o médico americano Jon Kabat-Zinn e os psicólogos americanos Marsha M. Linehan e Steven C. Hayes, vêm se dedicando ao trabalho de oferecer para a meditação um referencial teórico científico, possibilitando assim seu uso terapêutico independentemente da conceituação religiosa budista e abrindo sua prática para um público mais amplo. A pesquisa mais recente oferece indícios de que uma série de terapias baseadas na atenção plena podem ser bem sucedidas no tratamento de dores crônicas, de estresse, depressão e comportamento suicida recorrente.


A terapia cognitiva baseada na atenção plena (exitem vários modelos), é uma intevenção auxiliar em psicoterapia. No Brasil, ainda há pouca difusão do método. Um dos modelos mais promissores é a Mindfulness-based Cognitive Therapy (MBCT), uma intervenção psicossocial (individual e de grupo) projetada para aprimorar a auto-gestão de sintomas prodrômicos associados a recaída de depressão

(Temos evidências empíricas de que) um tipo de meditação é tão eficaz em evitar a recaída dos portadores de depressão quanto antidepressivos, revelou um estudo publicado no início de dezembro pela Archives of General Psychiatry.



A pesquisa foi feita pelo Centro de Saúde Mental e Dependência (CAMH, na sigla em inglês), no Canadá, em parceria com o Departamento de Psiquiatria do St Joseph's Healthcare, a Universidade de Toronto e Universidade de Calgary, todas também no país.
 
Para chegar à conclusão, os pesquisadores analisaram pacientes tratados inicialmente com o medicamento até o desaparecimento dos sintomas da doença e, posteriormente, separados em três grupos. O primeiro continuou com a medicação tradicional, o segundo seguiu tomando placebos e o terceiro adotou a Psicoterapia Cognitiva Baseada na Atenção Plena (MBCT, na sigla em inglês). Aqueles que seguiram a técnica participavam de oito sessões em grupo semanais e praticavam a meditação em casa, como parte do tratamento.

As avaliações clínicas foram realizadas em intervalos regulares e durante um período de 18 meses de estudo as taxas de recaída dos pacientes no grupo com a MBCT não diferiram dos índices de pacientes que receberam antidepressivos (ambos na faixa de 30%).
Por outro lado, 70% dos pacientes que receberam placebos voltaram a apresentar sintomas da depressão.

Opção de tratamento

De acordo com o diretor do Departamento de Terapia Cognitiva da CAMH, Dr. Zindel Segal, muitos pacientes com depressão interrompem o tratamento com medicação antes do período indicado devido aos efeitos colaterais ou à indisposição de tomar um remédio durante anos.

“Com o reconhecimento crescente de que a depressão é um transtorno recorrente, os pacientes precisam de opções de tratamento para prevenção da doença e, assim, voltarem às suas vidas", disse o Dr. Segal. Com isso, a Psicoterapia Cognitiva Baseada na Atenção Plena torna-se uma opção eficiente de tratamento em longo prazo.
Ainda de acordo com Segal, a terapia é uma abordagem não farmacológica que ensina como controlar as emoções para que o paciente possa monitorar possíveis desencadeadores de recaídas, bem como adotar mudanças de estilo de vida favoráveis ao equilíbrio do humor.

"As implicações destes resultados tem relação direta com o tratamento de linha de frente da depressão. Para esse grupo considerável de pacientes que estão relutantes ou são incapazes de tolerar o tratamento de manutenção, a MBCT oferece proteção igual contra a recaída", afirma o Dr. Zindel Segal.
Essa não é a primeira vez que os benefícios da meditação no combate à depressão são comprovados cientificamente. Outro estudo, publicado em Londres, em 2008, sugere que a mesma técnica pode ser tão eficiente quanto os antidepressivos na prevenção de recaídas e mais eficaz na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

Além disso, a MBCT é uma alternativa de baixo custo se comparada com as drogas antidepressivas. Ao contrário da maioria das terapias psicológicas, a MBCT pode ser ensinada em grupos por um único terapeuta, e os pacientes podem continuar a praticar as habilidades que aprenderam em casa, sozinhos.

Muitos dos exercícios realizados durante o estudo foram baseados em técnicas de meditação budista e ajudaram o indivíduo a focar no presente, em vez de dedicar a atenção a acontecimentos passados, ou a tarefas futuras.

Os exercícios impactaram de forma diferente cada paciente, mas muitos relataram maior aceitação e mais controle sobre os pensamentos e sentimentos negativos.

Referências:

- amiga Wikipedia


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Em Porto Alegre, eu realizo atendimentos de psicoterapia baseado em Mindfulness. Esse, também, é o tema do meu doutorado na UFRGS.
Contato: (51) 8183-7847 - Tiago Tatton - CRP 04/21762 ou www.mindfulnesspoa.wordpress.com

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Para saber mais, leia o artigo científico aqui.

Mindfulness nas terapias cognitivas e comportamentais

Mindfulness in cognitive and behavioral therapies


Luc Vandenberghe I; Ana Carolina Aquino de Sousa II

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