26.10.11

Acabando com alguns mitos onívoros e vegetarianos


Por  Leonardo T 

Alimentação vegetariana influencia o humor, tornando seus adeptos menos agressivos.

 
Não há confirmação científica de que apenas o consumo de carne aumenta a agressividade do indivíduo.

Entre as pessoas que modificaram a alimentação por razões éticas ou filosóficas, o foco da atenção e postura diante da vida costuma ser diferente dos do onívoro em geral. A conscientização em relação à morte e à agressividade ajuda a redirecionar ou dissipar a agressividade. Mas é importante ressaltar que alguns vegetarianos, inconformados com a barbárie cometida contra os animais, se tornam bastante agressivos.

Podemos também enxergar a questão por um ângulo espiritualista, segundo o qual a energia sutil é transferida ao alimento ingerido. Desse ponto de vista, a dor e o sofrimento do anima abatido são incorporados ao indivíduo que se alimenta da sua carne, tornando possíveis todos os distúrbios emocionais. Mas, lembrando, a ciência médica não dispõe de ferramentas adequadas para fazer essa avaliação.


Vegetarianos comem mais agrotóxicos.


Vamos rever a cadeia alimentar que aprendemos nas aulas de ciências e biologia na escola. Alguns componentes podem ser acumulados no organismo. O DDT, por sua característica de se acumular no organismo, foi um produto químico muito estudado nesse contexto e utilizado como exemplo clássico do que ocorre na cadeia alimentar. Assim, se 1 grama de planta tem x DDT e o gafanhoto comeu 10 gramas, ele fica com 10x de DDT no seu organismo. O pássaro que comeu 10 gafanhotos terá 100x de DDT. O ser humano que comeu 10 pássaros terá 1.000x de DDT no seu organismo. Observe que a contaminação aumenta conforme se sobe na cadeia alimentar. Assim, ao ingerir um animal, incorporamos uma quantidade maior de agrotóxicos e compostos do que ao ingerirmos os vegetais, desde que esses compostos permaneçam de forma cumulativa no animal. Essa contaminação é maior ainda se o animal foi criado confinado, ingerindo rações (que são feitas de vegetais cultivados industrialmente e que contêm agrotóxicos). O animal criado livre na natureza tende a ser menos contaminado.



Vegetarianos devem praticar atividades físicas com cuidado.

 
Por quê? A perna deles cairá? Essa ideia só pode existir na cabeça de quem acha que a dieta vegetariana é inadequada em termos nutricionais e que os vegetarianos vão desmontar ao tentar contrair um pouco mais os músculos. A dieta vegetariana permite a prática de atividades físicas exaustivas com o mesmo desempenho de atletas onívoros. Os estudos sobre atividades de longa duração mostram esse fato com muita clareza.

São exemplos de atletas vegetarianos: Carl Lewis (medalhista olímpico nos 100 metros rasos), Dave Scott (tetracampeão do Ironman), Éder Jofre (bicampeão mundial de boxe), Edwin Moses (122 vitórias consecutivas nos 400 metros com barreiras, 2 medalhas de ouro olímpicas, 2 títulos mundiais, 4 recordes mundiais)...


Somos naturalmente vegetarianos. Conseguimos a vitamina B12 do solo e da pouca higiene dos alimentos na Antiguidade.



Não é o que os dados de evolução indicam. Não vou entrar nos aspectos religiosos da existência humana, mas apenas nas questões históricas.

Há mais de 3 milhões de anos existiu um hominídeo chamado Paranthropus bosei. Segundo suas características fósseis, ele era vegetariano. Esse hominídeo não era exatamente como nós e se alimentava de partes dos vegetais que hoje não conseguimos. Ele foi dizimado na era das glaciações, pois houve escassez de alimentos vegetais. Todos os demais hominídeos, inclusive nossos ascendentes, eram onívoros. Alguns comiam carne em quantidades consideráveis. A ideia de que antigamente o ser humano vivia em completa harmonia com a natureza não encontra respaldo em inúmeras pesquisas. A vida era bem selvagem (talvez não menos do que hoje, mas de uma forma diferente) e a caça, uma necessidade.

A história da medicina e da nutrição mostra com clareza as inúmeras carências nutricionais que sempre existiram, mas que não eram diagnosticadas por falta de conhecimento. As descobertas vieram aos poucos, como é de esperar. O mais provável é que nossos ancestrais obtivessem a vitamina B12 não por causa da má higiene (ela é produzida por bactérias), mas porque comiam carne mesmo. Porém, a dieta vegetariana não significa contrariar a natureza. Diversos estudos científicos comprovam que a dieta vegetariana, nos tempos atuais, traz muitos benefícios para a saúde. No mundo atual, temos plenas condições de viver com saúde plena sem nos alimentar de animais.


O trato gastrointestinal dos seres humanos é mais parecido com o de animais herbívoros.


O trato gastrointestinal humano está apto a digerir todos os alimentos, inclusive a carne. Temos enzimas digestivas que executam todo o processo. Nosso sistema digestório não é carnívoro e nem herbívoro. No entanto, ele poder ser vegetariano ou onívoro. Mas no caso dos onívoros, com uma ingestão mínima possível de carne – como já foi mostrado em muitos estudos científicos.


Ser vegetariano significa ser saudável.

Claro que não! A saúde decorre de uma composição bastante ampla de fatores, e a alimentação é apenas um deles. Há onívoros mais saudáveis do que vegetarianos. O que acontece – e os estudos científicos mostram – é que os vegetarianos tendem a adotar um estilo de vida mais saudável do que os onívoros. Se for esse o seu caso, sua saúde deve melhorar. Caso contrário, não espere muitas modificações.


A carne contém aminoácidos que nenhum outro alimento contém.

 
Precisamos ingerir os aminoácidos que nosso corpo não consegue produzir. Eles são chamados de aminoácidos essenciais. Todos existem em abundância no reino vegetal e na dieta vegetariana. Cada alimento apresenta teor próprio de aminoácidos, mas não há ausência deles nos alimentos vegetais. A simples combinação de arroz com feijão fornece tudo de que precisamos.

Entre os aminoácidos não essenciais, ou seja, aqueles que não precisamos ingerir porque são produzidos por nosso organismo, o reino vegetal não dispõe apenas da taurina. Porém , isso não prejudica em nada a nutrição dos vegetarianos. Nosso corpo produz toda a taurina de que necessitamos. Só os bebês precisam ingerir taurina, pois ainda não conseguem produzi-la. Nesse caso ela é suprida pelo leite materno, e, na impossibilidade da sua utilização, pelas fórmulas infantis especiais para lactentes. Sem contar que, nessa fase da vida, a criança não come carne.

Sendo assim, não há risco algum de carência de aminoácidos em uma dieta vegetariana que tenha um mínimo de planejamento, mesmo vegana. Os estudos científicos não apontam carência.


Parar de comer carne deixa o corpo fraco.

O corpo só fica fraco se o estado psicológico estiver titubeante ou se a pessoa comer apenas verduras (ou seja, se esquecer dos legumes, frutas...). Se o aporte de calorias e demais nutrientes for adequado, não há motivo algum para ter qualquer grau de debilidade.


Se temos dentes caninos é porque precisamos comer carne.

Então precisamos avisar alguns animais frugívoros, pois muitos deles possuem dentes pontiagudos e só comem frutas.


A cura de certos problemas de saúde exige carne.

Não é verdade. Qualquer problema de saúde ou deficiência nutricional pode ser corrigida perfeitamente sem carne alguma. Se você é vegetariano e o mandaram comer carne por motivo de doença, desconfie. Há algo errado aí.




Esses e muitos outros esclarecimentos podem ser encontrados no livro Virei Vegtariano: e agora? Do Dr. Eric Slywitch, publicado pela Editora Alaúde.

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