16.12.12

Thomas Merton: trecho final da sua última conferência - Legendado (Português)



Thomas Merton, (31 de janeiro de 1915 - 10 de dezembro de 1968) foi um escritor católico e místico anglo-americano. Foi monge trapista da Abadia de Gethsemani, em Kentucky -USA. Era poeta, ativista social e estudante de religião comparada. Em 1949, foi ordenado para o sacerdócio e recebeu o nome de Padre Louis.


Merton escreveu mais de 70 livros, a maioria sobre espiritualidade, justiça social e pacifismo, assim como dezenas de ensaios e resenhas, incluindo sua autobiografia, um best-seller, The Seven Storey Mountain (1948). Merton foi um defensor tenaz do diálogo inter-religioso. Igaulmente, foi pioneiro no diálogo com proeminentes figuras espirituais asiáticas, incluindo o Dalai Lama, o escritor japonês DT Suzuki, e o monge vietnamita Thich Nhat Hanh. 


Contato com o budismo

Merton conheceu e se interessou pelas religiões orientais quando leu o livro de Aldous Huxley "Ends and means", em 1937, um ano antes de sua conversão ao catolicismo. Ao longo de sua vida, ele estudou budismo, taoísmo, hinduísmo, jainismo e sufismo, além de seus estudos acadêmicos e monásticos usuais. 

Merton não estava interessado no que estas tradições tinham a oferecer como doutrinas e instituições, mas estava profundamente interessado no que cada uma pensava sobre a profundidade da experiência humana. Isso não quer dizer que Merton acreditasse que essas religiões não tivessem rituais ou práticas valiosas para ele e outros cristãos. Ocorre que ele estava, doutrinariamente, tão comprometido com o cristianismo, assim como os  praticantes de outras religiões estavam tão comprometidos com suas próprias doutrinas que qualquer discussão sobre doutrina seria inútil para todos os envolvidos.


Ele acreditava que o cristianismo havia abandonado, em grande parte, sua tradição mística em favor da ênfase cartesiana em "reificação de conceitos, idolatria da consciência reflexiva, verbalismo, matemática e racionalização". As tradições orientais, para Merton, eram em sua maioria poucos contaminadas por esse tipo de pensamento e, portanto, tinham muito a oferecer em termos de como pensar e compreender a si mesmo.

Merton foi talvez mais interessado em - e, de todas as tradições orientais, escreveu mais sobre - o Zen Budismo. Tendo estudado os "Padres do Deserto" e outros místicos cristãos, como parte de sua vocação monástica, Merton tinha uma profunda compreensão da busca espiritual destes religiosos e encontrou muitas semelhanças entre a linguagem desses místicos cristãos e a linguagem da filosofia Zen

Em 1959, Merton iniciou um diálogo com DT Suzuki, grande acadêmico. Quase dez anos depois, quando "Zen e as Aves de Rapina" foi publicado, Merton escreveu em seu posfácio que "qualquer tentativa de lidar com Zen em linguagem teológica obrigatoriamente erraria o alvo". Caso alguém assim procedesse daria um  "um exemplo de como não se aproximar do zen ". Merton se esforçou em conciliar o impulso ocidental cristão em catalogar e colocar em palavras toda a experiência através da teologia apofática cristã e da natureza inefável da experiência zen.

Último discurso




No dia 10 de dezembro de 1968, Thomas Merton proferiu sua última conferência no Encontro Ecumênico de Monges da Ásia, em Bangkok/Tailândia. Falara sobre Marxismo e Perspectivas Monásticas. Claramente exausto, ele, antes de se retirar ao seu quarto para tirar uma soneca, expressou o que viriam a ser as suas últimas palavras públicas: "Eu vou desaparecer". Ele voltou ao seu quarto e morreu eletrocutado durante seu banho.



Num de seus diários, Thomas Merton profetizou: "Por que será que eu sempre andei meio convencido de que iria morrer jovem?" 


Merton nasceu em 31 de janeiro de 1915. Prestes a completar 27 anos de idade, entrou para o Mosteiro no dia 10 de dezembro de 1941. E numa triste coincidência morreu em 10 de dezembro de 1968 - no 27 º aniversário de seu ingresso em Gethsemani.






abaixo um artigo sobre a relação de Merton com a filosofia oriental

http://www.unicap.br/revistas/agora/numeros/2/arquivos/artigo%206.pdf

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