29.4.11

André Comte-Sponville e o Budismo



ENTREVISTA DO FAMOSO FILÓSOFO FRANCÊS ATEU 

ÉPOCA - Viver o presente ou viver melhor o presente seria, segundo o senhor, a atitude mais positiva em direção à felicidade. Qual a relação entre o budismo e sua filosofia de vida?

Comte-Sponville - Não sou budista e não acredito na reencarnação. Mas Buda me parece um dos grandes mestres espirituais da humanidade: o mestre da desilusão e da liberdade.




Agora, te pergunto: Por que Buda é o "mestre da desilusão e da liberdade"? A resposta não é simples! Não é mesmo!

Para compreender a afirmação do amigo Comte-Sponville é preciso compreender o conceito budista de ANATTA, ou "não-eu". É um conceito que conduz a uma experiência de liberdade aqui-e-agora (O budismo, em geral, não está preocupado com paraísos celestiais!).

Para Buda, a ignorância primordial dos seres humanos está relacionada ao fato de acreditarmos possuir uma existência própria, autônoma, um EU separado do mundo. Obviamente, nossa experiência ordinária nos leva a tal crença. Achamos que nós e as outras coisas existem de maneira independente, mas parece que não é bem assim que funciona. O processo de meditação pretende exatamente desfazer, progressivamente, essa percepção errônea. 



Se olharmos o sol passando por cima de nossos olhos durante o dia, a percepção que temos é que o SOL gira em torno de nós, e não o contrário. Contudo, hoje sabemos que nossa percepção é enganosa. É a terra que gira em torno do sol.
Desse modo, achamos que possuímos um EU, que funciona, existe, separado de tudo. Se escrutinarmos profundamente essa crença, veremos que nada em nós é permanente. Não somos a mesma pessoa que éramos há 10 anos atrás. Nossas células mudaram, nossos órgãos, nossas crenças cotidianas, nossos fios de cabelo, tudo! O fato é que vamos morrer, inexoravelmente, e esse EU, que consideramos tão forte, belo e permanente, provavelmente deixará de existir. Por isso, Buda é o mestre da desilusão. Ele aponta para aquilo que fugimos: nossa natureza perecível. No lugar, ele aponta o "aqui-e-agora", a "atenção plena".

Bem, não vou me alongar. Vejam mais sobre o tema (e melhor explicado) aqui: http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=969

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