25.5.11

os TRÊS TIPOS DE CIÊNCIA segundo Ken Wilber

Separei um pequeno trecho do texto de Ken Wilber traduzido pelo Moacyr Castellani e pela Priscila. O artigo tem pequenas modificações minhas, realizadas com o intuito de transmitir melhor a idéia do autor.

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Ken Wilber acredita que a ciência adquiriu um status de religião nos dias de hoje. Se a ciência estabelecer algo, deve ser verdadeiro. Se a ciência não estabelecer algo, não pode ser verdadeiro. É assim que a filosofia moderna a tem.

Mas a ciência abrange toda a realidade? Já que a ciência é baseada no que os sentidos físicos (geralmente com a ajuda dos instrumentos) nos dizem, é sensato depender totalmente desta fonte de conhecimento? Quem já enxergou as emoções ou os pensamentos com o "olho físico"? Isso é razão suficiente para negar a existência destes estados? Ou estamos deixando algo escapar?

"Ausência de prova não é prova de ausência", podemos dizer. Acreditar que a ciência abrange TODA a realidade não é algo realmente científico, porque temos que negar outras formas de experiência humana, como nossos sentimentos de identidade mais profundos. Isso é o que podemos chamar de "cientismo" (essa forma inapropriada de fazer ciência).

Wilber argumenta que a ciência de maneira alguma deve implicar em materialismo. Na verdade, ciência envolve três elementos:

1 - Seguir uma instrução, injunção ou paradigma
2 - Apreender algo sobre esta realidade específica
3 - Comparar nossas descobertas com as dos outros

Esses três "elementos" operam na ciência de uma forma óbvia: um astrônomo (1) olha através de um telescópio, (2) observa uma certa região do universo e (3) discute suas descobertas com colegas astrônomos (e NÃO conosco, meros mortais, um ponto muito importante).

Wilber defende a existência de dois outros tipos de ciência, que seguem o mesmo procedimento formal: 1 - a ciência mental ou social (o que os europeus chamam de Geisteswissenschaft), que não observa os objetos físicos, mas os significados mentais, que podem ser encontrados em documentos, estórias, mitos, relatos e livros. O significado de um texto não pode ser visto com o olho físico, mas apenas com o "olho da razão" (mente). Seguindo os três elementos da ciência, a ciência social ou mental é perfeitamente científica. (Lógico, os objetos mentais não são tão concretos quantos os físicos. Assim, as conclusões da ciência mental não podem equiparar às da física. Mas e daí?).

E há um terceiro tipo de ciência, segundo Wilber. Pois afinal a realidade compreende apenas coisas e pensamentos? E o princípio em nós que vê e pensa? Aquilo (qualia) que vê e pensa não pode ser visto e não é um pensamento. Mas pode ser abordado experimentalmente na meditação. Assim, a "ciência espiritual" nasce. A meditação e a yoga contam como "ciência" porque elas também seguem os três elementos: (1) instrução – sentamos por horas em exercício de atenção plena, (2) observação – percebemos os estado da mente, e (3) confirmação – discutimos nossas descobertas com colegas que também meditaram.


Para concluir: Wilber defende três tipos de ciência, já que a realidade é composta de pelo menos três domínios (matéria bruta - mente - espírito)  e todos os três domínios podem ser abordados de uma maneira experimental e, portanto, científica.

A grande cadeia do Ser
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A teoria do Wilber pode não ser excelente, mas creio que ele acertou mais do que errou. O grande problema é sua linguagem demasiadamente informal e tomada por uma metafísica que em nada ajuda.

Outrossim, vejo os trabalhos de Evan Thompson (neurofenomenologia) como uma continuidade adequada e mais moderna destas idéias de Wilber

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