20.7.11

ateísmo pode ser ignorância, ou não

Após críticas, o texto foi re-escrito, com adendos. Leia. As principais mudanças foram na linguagem, mais moderada agora.

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De antemão, afirmo que, assim como o ateísmo pode ser "coisa de ignorante", a religião também. Uma postura atéia pode ser infantil, pouco raciocinada, assim como grande parte das posturas religiosas. Fowler, em seu "Estágios da fé", mostra que é possível ser religioso e questionador ao mesmo tempo. Allport, faz o mesmo em seu tratado clássico sobre personalidade. Ser religioso não implica, NECESSARIAMENTE, em ser uma pessoa histérica-sentimentalóide irracional, que se ajoelha e beija ídolos de barro, etc. Ser ateu não implica em ser um estúpido qualquer que usa argumentos rasos e gastos. Ambas as coisas podem ocorrer, mas nem sempre.

Não...pq nem sempre...

Irei criticar aqui certa postura atéia, certa linha de raciocíno (!), e não TODOS os ateus, ok? Dito isso, dou prosseguimento.

O estilo do texto é virulento, o que não significa que eu seja uma pessoa violenta ou estúpida,longe disso - sou um poço de amor - ogrossexual.

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Vendo coisas como o site http://ateusdobrasil.com.br percebo, ainda mais, como o ateísmo pode ser uma posição tão pouco esclarecida quanto algumas religiões, tão criticadas pelos ateus. Não entendo como alguns amigos podem admirar certas práticas de um site como esse, que acaba se tornando mais um veículo de militantismo ateu do que aquilo que realmente pretende ser - um ponto de esclarecimento. Desejo aos ateus mais esclarecimentos, e menos utilização de falácias, por favor.

 


Outrossim, digo que sou ateu, posto que minha direção filosófica é essencialmente a filosofia budista, que, para quem não sabe, a priori, não se interessa pela discussão da existência de Deus. Minha orientação budista não é religiosa, não sou parte da comunidade religiosa budista, mas sim filosófica. Nem por isso, deixo de ser praticamente de meditação.

Voltando ao tópico, é um tanto quanto patético, e já discuti isso no meu blog, comparar "pessoas religiosas" x "pessoas atéias" utilizando "exemplos" a fim de demonstar que o ateísmo é uma solução "mais elegante" para compreender os fenômenos que nos cercam (e o site faz isso, claramente). Nada contra o ateísmo, pois sou, inclusive, admirador de uma série de filosofia atéias. Mas, por favor, não me venham com essas falácias de baixa qualidade intelectual.

Ser ateu ou religioso não diz, em ABSOLUTO, sobre o caráter. Acima, dois assassinos e psicopatas, um ateu o outro religioso

Comparar "fulaninhos ateus x religiosos" através de frases recortadas, af - nada mais filosoficamente tosco que utlizar argumentos do tipo ad hoc, apelo ao preconceito, apelo ao ridículo, ad hominem, etc. Cada vez mais percebo que certo grupo de pessoas escolhem o ateísmo por uma espécie de "raiva" da religião, ou simplesmente para fazer parte de um gueto "pseudo-intelectualóide", e não por uma escolha minimamente livre. Será que esses ateus (esse grupo especificamente - não TODOS os ateus) se sentem atraídos pela promessa de se tornarem "brights" (brilhantes!), como já o são Dawkins, Dennett e cia ltda? (A idéia é deprimente). Para o Pondé (PUC-SP), "Dawkins é uma auto-ajuda para ateus inseguros". Foi dito, e assino embaixo, que esse tipo de ateísmo serve apenas para agradar "uma neo-esquerda que mistura iluminismo anti-clerical com foucaultismo de minorias oprimidas".

Grupo exclusivo para ateus, as pessoas "brilhantes" da sociedade. Nada mais patético.

São esses "ateus ignorantes" que se valem de manchetes óbvias, do tipo: "fundamentalista religioso mata 100 pessoas com uma faca" para afirmar que a religião (COMO UM TODO, é claro) é coisa de assassino e burro. Nada mais irresponsável do que fazer esse tipo de generalização.

Cabra Homi
Falo brincando que se é para ser ateu, que seja por "cabra homi", como diria Jeremias, o bêbado famoso do YouTube. Se é para ser ateu, que seja como um Friedrich Wilhelm Nietzsche, que deitou pela última vez em Weimar tendo feito um bom trabalho para os ateus. Até mesmo o francês Comte-Sponville (que derrapa), mas faz um discurso moderado, é infinitamente mais brilhante do que os "brights". Querer ser "bright", penso eu, é como buscar o pirulito almejado pela criança que vai ao supermercado com o avô. Enfim, denota certa infantilidade, uma postura de - como eu chamo - "Ateu Barnabé". O "bom ateu" não precisa, nem mesmo sonha, em ser "bright", ou coisa do tipo. O seu brilhantismo está na capacidade de divulgadar suas idéias responsavelmente, ou, simplesmente, em viver em paz, sem militantismo, com suas próprias convicções. 

Um pouquinho mais de filosofia e ciência para esses auto-intitulados "ateus", por favor. Lembrando sempre que não há problema algum em ser ateu, mas sim em ser esse tipo de ateu, alienado e ignorante, que fica repetindo e engolindo falácias que fazem de sua postura, de seu levante ideário, um projeto falido.

E para aqueles que não entenderam o que falei, aí vai uma sugestão de leitura. É um Rubem Alves para estudantes do ensino médio, http://pt.scribd.com/doc/8913742/Rubem-Alves-Filosofia-Da-Ciencia.


 

O triste é que muitos dos que precisam ler já tem curso superior. Segue vida.

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