22.7.11

O mito da racionalidade neo ateísta

Por Luciano Ayan em http://lucianoayan.com.br/2010/01/14/o-mito-da-racionalidade-neo-ateista/


Recentemente, um colunista americano, Paul Fidalgo, neo ateu até a medula, escreveu um artigo entitulado “O Mito do Dogmatismo Ateísta”.

Nesse artigo, Fidalgo mais uma vez mostra que os neo ateus agem no mesmo estilo de marxistas radicais de faculdade.

Na defesa do marxismo, eles justificam até 100 milhões de mortes se for preciso. Não há ética, não há nada que ser respeitado. Em nome da “causa”, tudo vale.

É a mesma coisa que o neo ateísmo.

Os sujeitos realizam atos injustificáveis, que não seriam aceitos por qualquer grupo mentalmente são em qualquer situação, e aí tentam justificar apenas em nome da “causa”.

Isso é tudo menos racionalidade.

Um exemplo dessa tentativa de justificar o injustificável é o artigo de Fidalgo, no qual ele tenta dizer que a postura de Sam Harris, ao atacar a candidatura de Francis Collins para chefe do NIH, não seria dogmática.

Senão vejamos. Harris escreveu o seguinte:

Dr. Collins escreveu que “a ciência não oferece respostas para as questões mais contundentes da existência humana” e que “as alegações do ateísmo materialista devem ser resistidas prontamente”. Resta só esperar que estas convicções não afetem o seu julgamento nos institutos de saúde…

Em cima disso, Harris disse que a indicação de Collins ao NIH era um retrocesso.

Não passa, é claro, de preconceito a Collins pelo fato deste ser religioso.

Simplesmente não há como justificar a postura de Harris que não pelo dogmatismo e proselitismo neo ateu.

Mas o que há de errado com as declarações de Collins? Resposta: absolutamente nada.

Que a ciência não oferece respostas para as questões mais contundentes da existência humana (como o sentido da vida, por exemplo), isso é um fato. O reconhecimento disso não é só dele, como também da Academia Nacional de Ciências.

Que as alegações do ateísmo materialistas devem ser resistidas, isso também é um fato, principalmente se considerarmos o estado laico. Lembremos que nem o ateísmo e nem o teísmo podem ser beneficiados a prioriem um estado laico.

Ou seja, ambas as posições não só são lúcidas, como não beneficiam nenhuma religião em particular, e não teriam por que “afetar o julgamento” de Collins na execução de sua atividade.

Para piorar, Harris não teve sequer coragem de demonstrar quais seriam os “julgamentos afetados” para uma avaliação de risco.

Enfim, mais uma tentativa de justificar o injustificável.

Não há por onde escapar: a atitude de Harris (e de seu partidário, Paul Fidalgo) é sim dogmática.

Mais um exemplo a seguir: Um crítico do blog de Fidalgo, Kleiman, denunciou Harris da seguinte e lúcida forma: “Harris quer impor, de forma política, algo como um teste de religiosidade que os Framers proibiram explicitamente de ser feito por forma de lei”. [Framers = Os Pais Fundadores dos Estados Unidos]

Fidalgo, de forma dedicada a Harris tenta de novo defendê-lo, dizendo o seguinte:

Boa tentativa, eu devo admitir, mas o teste que Harris tenta impor não é religioso – é científico. O chefe do NIH não deveria permitir que suas crenças no sobrenatural inibam sua busca por conhecimento. Ao decidir que uma vasta parte do conhecimento intelectual está além dos limites da ciência e apenas sob a visão da espiritualidade e misticismo, isso é uma rejeição da idéia em si do questionamento científico, a antítese do do objetivo no qual o NIH deveria estar focado.

Pois é, quanto mais se debatem mais sujeira esparramam.

A tentativa de explicação de Fidalgo é constrangedora, e contém vários furos:

(1) A idéia de que a ciência possui limites de explicação não é de Collins, mas de qualquer filósofo da ciência ou conhecedor de epistemologia.


(2) A idéia de que a ciência possui limites é muito mais coerente do que a idéia de Harris e seu líder Richard Dawkins, que prega que a ciência não possui limites – isso é cientismo, e não é científico.


(3) Não existe absolutamente nada de rejeição à busca do conhecimento, alegada por Collins, a não ser o entendimento do que a ciência realmente é (e os limites que ela possui).


(4) Uma vasta parte do conhecimento intelectual está realmente ALÉM dos limites da ciência, e não há nada que pode ser feito por neo ateus para mudarem isso. Basta estudarem epistemologia para não cometerem erro tão grosseiro.


(5) Ele não conseguiu dizer qual é o objetivo no qual o NIH deveria estar focado. Se fosse adotar o cientismo e o materialismo, em uma base epicurista, em detrimento do que é a verdadeira ciência, talvez aí o Francis Collins estaria errado. Portanto, Fidalgo fracassou ao mostrar que a idéia de Collins é uma “antítese” dos objetivos do NIH.


(6) Não há nada de científico na declaração de Harris. É uma declaração baseada no cientismo e no materialismo radical, que nem de longe representa a ciência. A visão de harris, pelo contrário, é extremamente irracional.


(7) O que derruba definitivamente a idéia de que as opiniões de Collins são causadas por “suas crenças no sobrenatural” é o fato de que outros cientistas, ateus, compartilham dos mesmos ideais, como por exemplo Stephen Jay Gould, que criou o MNI, que dizia que existe o magistério da ciência e o magistério da religião, que não são interferentes.

Em suma, 7 pontos que mostram um exemplo de como um neo ateu mente deliberadamente para vender idéias falsas.

A comparação com o marxista pregador das universidades não é coincidental.

São ambos originados do mesmo modelo epicurista de mente.

Para esse modelo, não há busca de uma abordagem racional da vida e nem uma noção objetiva de ética. Em suma, vale tudo em nome da “causa”.

O resultado são comportamentos como os de Sam Harris e Paul Fidalgo.

Dá para confiar?

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