10.3.12

Quando busca de saúde e religião se entrecruzam: um estudo de caso

por Bartolomeu Tito Figueirôa Medeiros

Antropólogo. Professor do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA)/ UFPE. Endereço: Convento do Carmo, Pátio do Carmo s/n, Santo Antônio, 50.010-180 Recife – PE.
E-mail: bartotito@uol.com.br 


Resumo

A Antropologia da Saúde, no Brasil, constitui um campo de conhecimentos em ex-pansão. Autores a denominam de ‘interdisciplina’, tanto pelo entrecruzamento com as ciências da saúde, como pelo seu empenho em estudar as redes de organizações formais e de relações informais onde se interligam religião e doença/saúde; enfim, a cultura em geral de um povo e suas concepções de doença/saúde. Nosso projeto de pesquisa França-Brasil optou por este segundo objeto formal, num esforço inter-disciplinar que decidiu penetrar nos meandros do diálogo entre a Antropologia Sociocultural, a Sociologia e a Psicologia Social, buscando compreender e identificar os percursos do sujeito em situação de sofrimento psíquico, que recorre às diversas instâncias de solução para os problemas que o atingem. Esclarecidos estes cuidados teórico-metodológicos, o texto apresenta um estudo de caso. Dona Maria Rosa, ou Dona Rosinha, é uma senhora viúva, mãe de filhos. Apesar de seus 86 anos de idade, é lúcida, capaz de ajudar nos serviços domésticos na casa onde mora com uma filha, genro e netos. Etnicamente, ela é indígena da nação Atikum-Umã, povo que habita no alto da serra do mesmo nome, na região Nordeste do Brasil. Uma porção menor vive em sítios no sopé daquela, local denominado de “Massapê”. O estudo de caso de dona Rosinha comporta dois momentos ou duas fases, muito separadas temporal-mente e com configurações distintas. Seu processo de ‘tratamento’ foi o de extirpar os incômodos psíquicos com repercussões no físico, através do “desenvolvimento” de sua pretensa capacidade mediúnica, conforme a interpretação da maioria da comunidade.
O texto discute os processos sincréticos inerentes à prática de cura espiritual estudada no caso, além do enfoque teórico baseado na “coexistência de códigos culturais diversos, partilhados e incorporados desigualmente por diferentes segmentos sociais”.

 

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