19.9.11

Papo de doido: a vida em Jupiter, o espiritismo e a irreligiosidade!

Estou a um bom tempo sem atualizar o blog devido aos estudos para ingressar no doutorado em Psicologia na UFRGS. Hoje, contudo, tive algumas idéias!
Como sou um pesquisador das religiões, curioso inveterado, estava lendo uma fonte altamente considerada pelos religiosos espíritas, a saber - a Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos, - abril 1858.


No peródico, são constantes as entrevistas com pessoas supostamente desencarnadas. Eles evocavam o espírito do falecido e "PUFTT" - lá estava. Figuras ilustres como Voltaire e Mozart eram assíduos frequentadores. 

Quando algum espírito respondia à evocação do grupo, uma investigação ususal que ocorria dizia respeito ao planeta onde a suposta entidade viveu pela última vez, ou viverá, numa futura encarnação. Perceptível, também, era o fetiche pela compreensão do estado "evolutivo" dos planetas até então conhecidos, ou seja, como era a vida por lá - material e moralmente. Marte, por exemplo, era muito pior que a Terra! Cruzes!

Segundo os próprios espíritos, Júpiter seria o planeta mais evoluído do nosso sistema. Um médium (que não era hábil em desenho) e participava dessas reuniões chegou a receber "espiritualmente" um esboço de como seriam as habitações neste planeta. Veja mais baixo:



HABITAÇÕES EM JÚPITER ?!

      


Certo espírito evocado pelo grupo, em resposta sobre o comportamento moral dos habitantes de Júpiter, responde, em determinado trecho do interrogatório::

81. Há várias religiões?
R: Não. Todos professam o bem e todos adoram um só Deus.

82. Há templos e um culto?
R: Por templo há o coração do homem; por culto, o bem que ele faz.
"

Baseado na resposta acima podemos inferir que, ou há apenas uma religião ou não há religião alguma. Também podemos perceber que em Júpiter não existem igrejas, cultos e coisas do tipo. Apesar de não haver religiões ou templos, todos são teístas, ou seja, crêem em um Deus (o termo adorar ali ficou estranho!). tudo isso leva a outra premissa: ou não existem budistas lá, ou todos os budistas professam o teísmo para ir até lá - senão ficam condenados a planetas inferiores, como a Terra. Pobres budistas. * A tese de que o teísmo é superior a qualquer outro posicionamento prevalece, sempre, para os espíritas.)

A conclusão que chegamos é: quanto menor a diversidade religiosa, maior a evolução moral do planteta e de seus habitantes. Outrossim, não podemos afirmar que os habitantes de Júpiter (que vivem aprox. 5 séculos, segundos os espíritos!!!) são pessoas pouco religiosas. Pelo contrário, parece haver um certo grau de religiosidade entre os jupiterianos, porém pouca institucionalização e aderência a cultos e ritos. Creio que seria uma coisa meio "hippie", do tipo "paz e amor acima de tudo", só que sem as drogas e o rock afeito a guitarras (o sexo parece existir ainda). Assim, podemos dizer que, em Júpiter, haveria mais a prevalência da moral e da ética do que da religião, propriamente. Professar e fazer o bem, contudo, não é sugestão exclusiva da religião, posto que a filosofia se implica, sobremaneira, com tais questões (e sem necessariamente tocar no teísmo).

Assim, acho que os jupiterianos apreciariam posicionamento tal como o de André Comte-Sponville, que caminha mais na direção da filosofia, do que da religião, quando aprecia as questões éticas e morais.

O ponto problemático da discussão é que os jupiterianos, diferente de nós, terráqueos, intuem a figura divina de maneira mais direta e menos obscura. Para eles, Deus é uma verdade (que eles intuem). Portanto, (como eu já ressaltei) aceitar Deus é estar em um nível superior de esclarecimento e contato com a Verdade. Neste quesito, Comte-Sponville ficaria na Terra mesmo, longe de Jupiter.

Voltando à lógica jupiteriana, abandonar a ínsignia das "religiões" e, simplesmente, viver e praticar o bem, seria a maneira mais "evoluída" de agir. Portanto, aquele que se diz espírita, por exemplo, deveria deixar de assumir esse rótulo e passar a, simplesmente, agir de acordo com uma moral e ética onde a bondade, a caridade, a equanimidade sejam as molas condutoras. Não é isso? Assim, dizer: "sou espírita"; "sou budista"; "sou muçulmano"; seria um sinal de atraso moral. Não necessariamente uma coisa ruim, mas um certo "atraso". O aviso é: "se você continuar com esses rótulos, dificilmente reencarnará em Júpiter, um lugar lindo e maravilhoso! Portanto, largue disso e vá praticar o bem!"

Assim, chego ao seguinte raciocínio: o espírita que divulga o espiritismo está agindo de maneira contraproducente à sua evolução moral, posto que deveria divulgar, em primeiríssimo lugar, valores humanos laicos, tais como a bondade, a caridade, a equanimidade, a justiça, etc. O espírita deveria deixar de se chamar espírita, para evitar o contingenciamento e separação das virtudes morais e éticas em diferentes nomenclaturas religiosas. É isso? Eu entendi corretamente?

Caso afirmativo, você aí, espírita, católico, hinduísta, etc - se confia na sugestão dos jupiterianos - deixe hoje mesmo de ir ao templo da sua religião e adote, a partir de então, a bondade e o amor como religião. Frequente todos os templos, todos os lugares, todos os credos, levando a bondado e o amor a diante. Assim, você dará um passo largo em direção a Júpiter. Nos vemos lá?



 entrevista completa com o jupiteriano aqui: http://eusouespirita.blogspot.com/2009/04/descricao-de-jupiter.html


Para o Divaldo Franco - maior palestrante espírita da atualidade - eu sugiro o tema da próxima palestra: "Evolua: deixe de ser espírita e reencarne em Júpiter" - seria, pelo menos, polêmica!




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