ATUALIZADO 30/04/2015
Há mais de 10 anos atrás a Harvard Business Review já alertava!
Olá, me chamo Tiago Tatton e sou psicólogo. Atualmente curso o último ano do doutorado em Psicologia da UFRGS, no laboratório do Fenomenologia Experimental e Cognição. Recentemente, concluí estágio de doutorado no Institute of Psychiatry, no King´s College de Londres. Além disso, parte da minha formação se deu no Oxford Mindfulness Centre, também na Inglaterra.
Há mais de 10 anos atrás a Harvard Business Review já alertava!
https://hbr.org/2002/06/the-very-real-dangers-of-executive-coaching |
LIFE COACHING - MERCADO DE 2 BILHÕES SEM REGULAMENTAÇÃO |
Olá, me chamo Tiago Tatton e sou psicólogo. Atualmente curso o último ano do doutorado em Psicologia da UFRGS, no laboratório do Fenomenologia Experimental e Cognição. Recentemente, concluí estágio de doutorado no Institute of Psychiatry, no King´s College de Londres. Além disso, parte da minha formação se deu no Oxford Mindfulness Centre, também na Inglaterra.
Preciso dizer que, apesar de psicólogo, sou um
sujeito afeito à ciência e ao método científico. Justifico o “apesar” da frase anterior pelo estado pseudocientífico que a Psicologia brasileira enfrenta há
algumas décadas. Há mais de 10 anos me graduei como bacharel em Psicologia, mas eu não merecia um diploma de Psicólogo; de
psicoterapeuta (psicanalítico), talvez. Hoje eu sei disso. Na época eu apenas
desconfiava. Aquele curso, lá no interior das Minas Gerais, foi ineficiente em
me oferecer o que sugeria. Hoje penso que, depois da colação de grau, poderia
ter entrado com uma ação no PROCON – propaganda enganosa.
Fato é que ao final da minha
graduação em Psicologia eu poderia falar com razoável destreza sobre o Complexo
de Édipo, mas quase nada (nada, convenhamos) sobre Psicologia. Métodos de pesquisa em Psicologia, ou mesmo Psicologia
Experimental, nem se fala. Recebi meu grau
sem saber o que era uma tarefa cognitiva ou um ensaio clínico.
Tenho quase certeza que me
graduei em “Psicoterapia Psicanalítica”. Creio que - naquele tempo - não saberia exemplificar os passos necessários para conduzir um experimento ou pesquisa
empírica em Psicologia. E olha que falavam que aquela era uma “boa” faculdade. Não. Era um bom instituto de Psicanálise travestido em forma de Faculdade. Não se fazia ciência ali (apesar de ser possível fazer ciência com Psicanálise - complicado e polêmico - mas possível).
Passadas quase duas décadas, hoje
doutorando e professor convidado de pós-graduação, me permito refletir e
compartilhar com os amigos algumas inquietações. Tenho contato
com os alunos da graduação e pós-graduação, e sei que, infelizmente, a formação
do Psicólogo continua com deficiências similares (mesmo na UFRGS, que é
considerado um dos melhores cursos de Psicologia no Brasil). Por ali o aluno
corre o riso de sair um especialista na Psicanálise de Lacan ou nos
desdobramentos latinos que se assentam nas elucubrações de Foucault.
Como cientista da Psicologia, entretanto, apenas se tiver sorte, esforço e
exímia capacidade de discernimento.
Mas, como diz o mineiro, minha
“prosa aqui é outra”.....
QUAL É A PROSA ???
QUAL É A PROSA ???
Motivado por uma conversa
informal com meu cunhado, ator de teatro e pessoa de meu afeto, acabei
descobrindo o tal universo do “coaching”, particularmente aquele do tipo empresarial
(existe “life coaching” também, que deve ser tipo um concorrente do psicoterapeuta, um "guru da vida pessoal").
A tal coisa do “coaching” me fez lembrar não apenas destas questões sobre o "que é e o que não é" ciência, mas também do meu doutorado e objeto de pesquisa.
Venho trabalhando – inclusive na minha tese – com uma técnica utilizada em psicologia e medicina
comportamental chamada Mindfulness. Sem muitas delongas, o Mindfulness entrou
no mundo acadêmico com Ellen Langer, em Harvard e, a partir da década de 1980, através das mãos de um biólogo molecular chamado Jon Kabat-Zinn. Este senhor procurou verificar a eficácia desta técnica
(de uma Intervenção Baseada em Mindfulness) utilizando um ensaio clínico. Sabe o que é um ensaio clínico? O que ele fez foi utilizar uma ferramenta do método científico para verificar se um
determinado protocolo manualizado era efetivo para melhorar um problema de saúde específico (dores crônicas, neste caso). Sua pesquisa foi conduzida no Massachussets General Hospital, com apoio da Universidade. O método científico, neste caso, tenta nos dar informações acerca da efetividade ou eficácia de determinada intervenção (ou fármaco). Para isso, utilizamos outra ferramentas científicas que auxiliam no controle de diversos vieses. Não é algo infalível, mas é uma boa ferramenta para descobrir e acumular conhecimento a respeito das coisas do mundo. Por mais que Feyerabend tenha razão, nem tudo se descobre como fruto do caos. Isso é para os gênios.
Pois então, aos poucos as chamadas Intervenções Baseadas em Mindfulness (MBIs) se
expandiram e, hoje em dia, são aplicadas não apenas em Hospitais, mas também em escolas e...EMPRESAS (onde o tal do “coaching” prospera!!). Mas, onde está o método científico no Mindfulness? O
que eles fazem para verificar se o Mindfulness funciona - por exemplo - nas escolas?
Simples! Eles “desenham um experimento”, como dizemos em ciência, que envolve uma série de elementos, desde a participação de uma equipe de pesquisa competente, conhecedora não apenas da técnica mas da metodologia científica utilizada, além da aprovação de um comitê de ética. Após um número razoável de pesquisas verificando os efeitos da intervenção (efetivos ou não) os cientistas conduzem o que chamamos de “revisões sistemáticas”, muitas vezes utilizando um método estatístico chamado “meta-análise”. O que são essas “revisões”? São exatamente grandes estudos que pretendem “revisar” o maior número possível de pesquisas sobre aquele tema.
Simples! Eles “desenham um experimento”, como dizemos em ciência, que envolve uma série de elementos, desde a participação de uma equipe de pesquisa competente, conhecedora não apenas da técnica mas da metodologia científica utilizada, além da aprovação de um comitê de ética. Após um número razoável de pesquisas verificando os efeitos da intervenção (efetivos ou não) os cientistas conduzem o que chamamos de “revisões sistemáticas”, muitas vezes utilizando um método estatístico chamado “meta-análise”. O que são essas “revisões”? São exatamente grandes estudos que pretendem “revisar” o maior número possível de pesquisas sobre aquele tema.
Ao final, passado pelo motor estatístico da meta-análise,
podemos chegar a um resultado do “estado da arte” daquela intervenção para
aquele problema específico. Oras, por que estou falando sobre tudo isto se eu
pretendia falar sobre o tal “coaching”? Novamente, é simples. Veja.
O GOOGLE SE ENTREGA AO MINDFULNESS |
Masssss.....espere um pouco.....como procurei indicar, historicamente, as pesquisas sobre o tema estão diretamente associadas com rigorosas avaliações científicas (por pares ou peer reviewed). A pesquisa sobre Mindfulness segue, até então, um padrão de qualidade científica. Isso inclui a realização de ensaios clínicos controlados e randomizados, a utilização de neuroimagem funcional e de análises qualitativas (visão de primeira pessoa). Os estudos são publicados em periódicos científicos de alto fator de impacto na comunidade científica, o que procura garantir a qualidade dos resultados. Recentemente, um estudo foi publicado na prestigiada revista médica The Lancet. Mas agora o Mindfulness está entrando nas empresas, e seu encontro com o tal “coaching” parece ser inevitável.
OBAAA!!! FIZ CURSO DE COACHING E FIQUEI ASSIM !!!! |
Meu encontro pessoal com o "tal do coaching" iniciou ao entrar no website de uma
pessoa referida como criador de um grande instituto de “coaching” no Brasil. Me
deparo com frases motivacionais, fotos de pessoas felizes, depoimentos de
pessoas agradecendo o sujeito (com frases do tipo: “fulando é um anjo”, “um espírito de
luz”, etc) e todo o tipo de atrativo visual que um bom website tem que ter. Há vídeos no YouTube mostrando
pessoas pulando de alegria, sorrindo e – até mesmo – entortando ferros com o
pescoço!!! Coisa circense, de verdade. Ao fundo dos vídeos, aquelas músicas empolgantes. Ao verificar os clientes desta pessoa, tal como exposto no website, podemos ver uma lista infindável de megaempresas nacionais
e multinacionais. Certamente, esse é um sujeito “de sucesso”; e rico!
Você acha que estou exagerando???? Continue a ler. Pois bem, avançando em minha pesquisa, colocando na internet o nome do tal sujeito presidente da tal associação de coaching, vejo um vídeo dele apresentando uma “ferramenta
de coaching” chamada “caminhada no fogo”, mas em inglês, provavelmente porque
fica mais vendável – então – “Fire Walking”. No vídeo ele promete que os
funcionários da empresa contratada (provavelmente das multinacionais que ele listou em seu site) irão – literalmente – caminhar sobre o fogo, tendo uma experiência
íntima transformadora. A idéia é simular aqueles rituais orientais onde sábios
caminham sobre brasas quentes. Parece que o conceito é: caminhe como um sábio,
VOCÊ TAMBÉM PODE! Você é sábio! Vejam bemmmmm! É o presidente do maior instituto de
“coaching” do país oferecendo esta experiência publicamente na internet. É só
entrar no site dele e contratar o serviço. Outros “coachings” também oferecem o serviço. O que varia é o preço. Vale pechinchar.
LIKE A BOSS !!! ESSE QUEIMOU OS PÉS, MAS FOI PROMOVIDO !! |
Mas o "lado negro da força" está sempre ali, espreitando os incautos. Pois bem, em matéria publicada no
site do Tribunal Superior do Trabalho (http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/id/10394719)
uma grande empresa foi condenada a pagar, no ano de 2014, a quantia de
R$50.000,00 a um funcionário que foi coagido a caminhar sobre as brasas
ardentes em um “treinamento motivacional”. Segue um trecho retirado do website:
“[o
funcionário] alegou, ao pedir a indenização, que a participação no treinamento
comprometeu não só sua saúde, mas a integridade física de todos que
participaram da atividade. A empresa confirmou que realizou o treinamento com a
caminhada sobre brasas. Entretanto, disse que a atividade foi promovida por
empresa especializada, e que a participação não foi obrigatória. Uma das
testemunhas destacou que todos, inclusive trabalhadores deficientes físicos,
tiveram que participar do treinamento e que alguns tiveram queimaduras nos
pés.”
[...] O juiz
de origem entendeu que a empresa ultrapassou todos os limites do bom senso, por
expor o empregado ao ridículo e à chacota perante os demais colegas. ‘Ato
repugnante, vergonhoso e humilhante e que beira ao absurdo, sendo, por óbvio,
passível de indenização por dano moral,’ destacou. A empresa foi condenada a
pagar R$ 50 mil a título de dano moral, sendo R$ 10 mil em decorrência das
humilhações sofridas nas campanhas e R$ 40 mil pela caminhada sobre o carvão em
brasas.
DEPOIS DE ENTORTAREM FERROS COM O PESCOÇO E CAMINHAREM NO FOGO, A PRÓXIMA TÉCNICA DOS CURSOS DE COACHING SERÁ O EXERCÍCIO DA FURADEIRA NA CABEÇA, ENSINADO POR UM MONGE SHAOLIN. SÓ OS GRANDES LÍDERES CONSEGUIRÃO. EM BREVE, NA SUA EMPRESA.
Apesar de já chateado com o tal
“coaching”, segui em frente na minha pesquisa. Descobri que existem inúmeros
“institutos” pelo Brasil. Um deles, que utiliza como nome uma metáfora que recorre ao xamanismo latino (!!!!), oferecendo um “coaching express”. A promessa é formá-lo
em apenas 4 dias através de uma metodologia “super-ultra-puxa” dinâmica e
eficaz. - única e inovadora O programa é apresentado por um dos “master coachs” (o que é isso? Um Jedi do Star Wars?) que se apresenta
como - adivinhe - “coaching quântico” (!!!!). Isso mesmo - quântico!!! Seja lá o que isso significa, soa bizarro. Ele se teletransporta? É isso?
SUSTO DE SCHRÖDINGER AO DESCOBRIR QUE EXISTEM COACHINGS QUÂNTICOS !!! |
Alguns professores de “coaching” se apresentam através de
“multi-formações”, do tipo “hipnólogo clínico, numerólogo xamânico, pentagrama,
runas nórdicas, etc”. São formações impressionantes. Além disso, todos prometem
uma transformação íntima única ao participante, através de métodos únicos,
dinâmicos e inovadores. Todos os institutos de coaching contam com inúmeras parcerias internacionais, com milhões de membros, corpo internacional de "advisors", etc. TUDO MUITO GRANDIOSO E ESPETACULAR. Agora eles estão mais sorrateiros, e fazem gancho com a Psicologia Positiva. Inclusive, agora tem "curso de Psicologia Positiva", e qualquer um pode fazer, mesmo pessoas que não são profissionais da saúde mental. É uma grande opção para você que não sabe o que fazer da sua vida mas não quer fazer 5 anos de faculdade. Todos podem ser "gurus", todos podem ser aquele técnico (coach) do filme de basquete que dá um discurso lindo e faz o time ganhar. Tem curso que custa mais de R$6.000,00. Prepare o bolso.
No fim toda esta história me faz lembrar de propagandas que me divertiam durante a adolescência. Lembra das famosas “facas Ginsu” que cortavam tudo, “até aço”? Ou seja, o “coaching” pode ser a “faca Ginsu” que faltava em sua vida. Só não garanto que vai cortar.
Eles dizem que coaching é diferente de terapia, porque coaching takes people from functional to optimal while therapy takes people from dysfunctional to functional. Mas, eu te pergunto: se eles não possuem treinamento acadêmico para reconhecer a diferença entre estados saudáveis e psicopatológicos como saberão diagnosticar a pessoa sob treinamento? No "chute"? "Ahhhh...esse aí me parece bem normal". Muitos psicopatas parecem "bem normais" em um bate-papo qualquer. Muitas psicopatologias são de difícil detecção e diagnóstico diferencial. Somente profissionais altamente treinados podem diferenciar. Daqui a pouco vai ter curso de DSM-V para coaching. Ou já tem? Para que fazer faculdade de Psicologia se você pode ser coaching?
Texto na Psychology Today mostrando o perigo do coaching |
No fim toda esta história me faz lembrar de propagandas que me divertiam durante a adolescência. Lembra das famosas “facas Ginsu” que cortavam tudo, “até aço”? Ou seja, o “coaching” pode ser a “faca Ginsu” que faltava em sua vida. Só não garanto que vai cortar.
Outra coisa que o coaching me lembra demais é o conceito de "milagre para todos". Assista abaixo o milagre e o rapaz dizendo "THE BABES ARE BACK".
Esta idéia de milagre, de "solução imediata", de "a melhor e mais eficaz solução", de "escolha o melhor para você", é muito forte nessa área. É um produto de mercado. O mais legal disso tudo foi a rádio que descobri, também através de informações do meu cunhado, que veicula, 24hs por dia, programas de auto-ajuda que vendem métodos de “coaching” e similares. Lá encontrei um senhor que vende um método “coaching” que ele criou. É muito divertido. Utiliza “palavras de ordem” e a música tema do filme do Rocky Balboa ao fundo. É muito excitante, animador. Depois de alguns minutos escutando o programa você realmente acredita que há um "gigante adormecido" dentro de você. EU POSSO !!!! EU POSSO !!!! Este senhor é muito convincente, mais até que muito pastor neopentecostal que vejo por aí. Aliás, ele me fez lembrar o discurso dos generais de guerra que te convencem (usando PNL???) que o inimigo - do outro lado - é o demônio que precisa ser derrotado.
WILLIAM WALLACE, O PRIMEIRO EXECUTIVE E
LIFE COACHING DA ESCÓCIA. FAZENDO NASCER LÍDERES
OK! OK! Mas, vejamos bem, o problema não é só do "coaching". Mindfulness também está sendo “vendido” para empresas a fim de proporcionar
“bem-estar”, “redução de estresse” e “facilitar emoções positivas”. Como diz um
colega, é o “Mindfulness marca registrada”. Certamente, ele será absorvido
pelos “coachings quânticos” que abundam nas portas das empresas, grandes e pequenas. Já está
acontecendo. Mas, e todo o compromisso que você – Tiago – falou que o
Mindfulness tinha com a ciência?? Esse compromisso será levado junto?? Aliás,
esse compromisso está presente no “coaching”?
Pela pesquisa que realizei,
incluindo as bases de dados científicas disponíveis, não há avaliação
científica razoável destes programas de coaching
oferecidos livremente pela Internet. No google scholar há meia dúzia de monografias e pouquíssima publicações estrangeiras em revistas de psicologia organizacional de qualidade. Digo mais, duvido que o Mindfulness
que invada as empresas brasileiras leve adiante o compromisso apresentado pelos
grupos de Mindfulness no exterior. O Mindfulness que vai chegar nas empresas brasileiras
será, talvez, o “Mindfulness Facas Ginsu e Spray de Cabelo”, e não aquele que apresentei no início do texto, e que hoje é pesquisado avidamente na Universidade de Oxford, uma
das mais respeitadas universidades do planeta. Em breve você verá o
“Mindfulness coaching”, ele já está por aí. Já tem palestrante fazendo a palestra "parar para respirar por 3 minutos". Já tem palestrante falando que Mindfulness é "ficar no aqui-e-agora" e outras baboseiras repetidas a esmo. Isso não é Mindfulness.
Pois bem, amigo e amiga, te digo
o seguinte. Para alguém ser “professor de Mindfulness” é necessário um vasta
formação no exterior (está começando no Brasil um projeto piloto), que dura em
média de 2 a 4 anos. É claro que, mesmo por lá, a coisa está degringolando, por
motivos mercadológicos um tanto quanto similares àqueles que vemos aqui. Mas,
estou falando das formações sustentadas dentro das universidades (como em
Massachussets, Bangor-UK e Oxford), com compromisso com a pesquisa científica.
Nestes locais há formações para professores que estão diretamente alinhadas com
resultados de três décadas de pesquisas em Medicina e Psicologia.
A SINGELA FACHADA DO OXFORD MINDFULNESS CENTRE |
É claro que,
temporalmente, vale mais à pena o “coaching express” de quatro dias oferecido
pelo instituto com nome xamânico. Além disso, no Mindfulness não pode haver
promessa de “cura”, “transformação íntima”, ainda mais, “no menor tempo
possível”. O que temos são evidências falíveis – é claro – de pesquisas
científicas. Tentamos levar estas evidências a um nível elevado de fidelidade,
por isso utilizamos estratégias como randomização, grupos controle ativo,
seguimento, e – se possível – “cegamento” (outra ferramenta importante no
método de ensaio clínico). Em breve, resultados de grandes estudos
longitudinais estarão disponíveis.
PARA QUE ESTUDAR 4 ANOS SE POSSO SER COACHING EM 4 DIAS? |
Deste modo, é possível oferecer
Mindfulness para empresas – sim – e de maneira responsável, o que inclui a
não-realização de promessas de cura, de “despertar” e de criação de líderes
natos. Esta inserção inclui, no entanto, a realização de estratégias que
envolvam avaliações de efetividade, ou seja, realização de medidas de pré e pós-
teste, somadas a entrevistas e outros instrumentos qualitativos. Exige, pois, o
conhecimento, por parte gestor do projeto, das ferramentas básicas de ciência e
do método científico. É claro, está dada a exigência de que o professor de
Mindfulness tenha a formação básica mínima realizada em um centro de
Mindfulness respeitado internacionalmente. Posto que os protocolos de
Mindfulness tem duração média de 5 a 12 semanas podem ser aplicados com certa
agilidade, mas não com menos de 2 meses, já que os encontros ocorrem uma vez
por semana. Em 4 dias, como o “coaching express” xamânico, nem pensar.
Por fim quero te deixar com minha
sensação de assombro e perplexidade ao descobrir esse universo chamado
“coaching”. Não caminhe na brasa.
PS: depois de mais algumas pesquisas descobri algumas revisões e
apresentações interessantes na Harvard Business Review. Duvido, no entanto, que
qualquer coaching brasileiro tenha conhecimento dos mesmos. Aliás, até podem ter
conhecimento, mas duvido que utilizem o mesmo método e rigor. Provem o
contrário. Quero estudos de eficácia e efetividade. Não quero blablabla de que somos isso e aquilo.
2 comentários:
Muito bom ouvir palavras que expressem minhas vivências. Formei-me em 1985 no RJ e saí da faculdade com a mesma sensação-certeza de ser quem sabe uma fraude. Principalmente quando não me afinava muito com Mr. Sigmund...rsrs
E a falta de seriedade do CFP não vem ajudando a melhorar o quadro desde então. Vide a proliferação de cursos relampago sendo vendidos por aí, e se não bastasse, o fato de muitos destes se intitularem psicoterapeutas, com a permissão da legislação brasileira.
Mas vamos em frente, desenvolvendo trabalhos sérios e conscientes.
Parabéns pelas palavras.
vc escreve bem e é interessante,mas resuma algumas coisas,ficou muito longo a materia,repetindo algumas coisas de forma desnecessaria,é só uma sugestão p as proximas.Gostei muito!
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